Em todas as partes


Pensávamos que o centro da existência delas estivesse ligado ao centro físico da cidade. Porque é lá, no olho da capital paulista, onde elas vivem e trabalham. Mas existir é outra coisa, e o centro não é um lugar no meio – e nem mesmo um lugar.

O centro, no caso delas, é bem mais o que sentem com força, o que as faz esfregar uma mão na outra e emudecer por três segundos enquanto buscam a resposta exata para uma pergunta; o centro crispa a boca e a pele dessas mulheres quando elas relembram e falam de coisas que reverberam bem dentro delas.

Pensávamos que iríamos encontrar nas dez mulheres escolhidas para esse projeto indícios daquilo que as justifica no mundo. Seu centro, portanto. E nisso quase acertamos. Ana, Annita, Beth, Céline, Clarice, Cris, Deysi, Isys, Mônica e Renata dividiram conosco as porções mais significativas de suas vidas, é verdade. Mas foi bem aí que deslocaram radicalmente nosso conceito de centralidade.

O centro, segundo a história delas, está em diversas partes – no ofício, na beleza, na família, na ausência, nos amigos, no desejo – e flutua em torno de um único eixo, o eixo que são elas mesmas, as mulheres centrais.

Dedicado a Geraldo Anhaia Mello (in memorian), centelha seminal desse projeto.